Sunça no cinema | As Tartarugas Ninjas II – O Segredo de Ooze (1991)

Um filme que foca no humor, beirando o besteirol, com cenas de lutas divertidas e engraçadas, repleto de danças, sequências que parecem retiradas de um dos episódios do desenho animado e soluções de roteiro preguiçosas e bestas.

SUNÇA NO CINEMA

Sunça

2/25/20134 min read

Antes do início de As Tartarugas Ninjas II – O Segredo de Oooze vemos por escrito “In Memory of Jim Henson”. Ao ler essa frase fui tomado por um sentimento de tristeza e dúvida, tristeza porque a oficina de Jim foi responsável pelas ótimas roupas de borracha e cabeças animatrônicas do primeiro longa das Tartarugas. Foi um trabalho muito competente que sem dúvida agregou muito valor ao longa original. A dúvida veio do que esperar das novas “roupas” de nossos heróis.

O segundo longa de nossos adolescentes mutantes, como no original, começa com um plano geral de Nova Iorque e um movimento de camêra vai se aproximando da cidade. À primeira vista NY está mais movimentada, mais realista do que no primeiro filme. Se no momento inicial temos a impressão de um filme mais realista essa sensação só perdura nos minutos iniciais já que assim que podemos ver os habitantes nova-iorquinos percebemos que dessa vez o filme vai ser bem mais caricato. Todos, ou quase todos, habitantes nas cenas iniciais estão comendo pizza, detalhe para os policiais escoltando um preso algemado porém, comendo pizza.

Somos apresentados a um novo cenário, Roy’s Pizza, e a um novo personagem, Keno, um entregador de pizza. Ao ouvir a frase: “Mais uma pizza para senhorita O’Neil!” somos informados de que as Tartarugas estão com April. O longa não perde tempo em nos mostrar as habilidades de Keno, um exímio lutador que ao encontrar com um bando de assaltantes rapidamente os nocauteia. Porém, é claro, vários outros bandidos aparecem e as Tartarugas Ninjas acompanhadas de sua logo surgem e salvam o novo personagem.

Na luta inicial já percebemos uma grande mudança em relação ao primeiro longa, a luta é bem mais caricata. As cenas de luta focam no humor, parecem uma paródia perdem o foco em artes marciais e se assemelham a brincadeiras, momentos como Michaelangelo derrubando bandidos com ioiô, Donatello fingindo ser um joão bobo, Michaelangelo usando salsichas como armas e o surf de Donatello na cadeira demonstram bem o tom das cenas de luta.

A impressão inicial de que as Tartarugas estão vivendo com April se confirma, April O’Neil (Dessa vez uma nova atriz e bem mais gatinha!) arruma seu apartamento bagunçado pelos adolescentes. Percebemos então que esse filme se passa logo após o primeiro, ele dá continuidade à história do longa original logo, nossos heróis estão sem moradia. Mestre Splinter continua sábio e ponderado. Enquanto compartilha com seus amigos o resultado de sua meditação temos um link direto com a ameaça que os aguarda. A frase de Splinter “Deixem o destruidor enterrado!” nos leva diretamente para um travelling pelo lixão e em meio ao lixo surge a mão do Destruidor.

A origem das Tartarugas é um foco importante desse novo filme, Mestre Splinter assiste a entrevista que April fez com o Professor Jordan Perry, tem uma revelação e entende o segredo de Ooze. Sim! Simples assim e sem mais problemas. O conflito do longa gira em torno do Ooze, que como era de se esperar cai em mãos erradas. Se o roteiro do primeiro longa era simples e previsível o do segundo é ainda mais. Podemos resumir toda a trama do longa assim: Destruidor volta e quer vingança, novos monstros, novos desafios e muitas lutas em mais uma aventura das Tartarugas Ninjas. Keno, que é um personagem bem apresentado no início do longa, é na verdade uma solução de roteiro, sempre que precisam de alguém para realizar alguma ação é ele quem a executa, nos demais momentos ele apenas desaparece. Uma pena, um entregador de pizza lutador de artes marciais me parece um bom personagem para interagir com nossos ninjas. Falando em bons personagens, o filme perde um dos pontos fortes do anterior, Casey Jones não retorna.

Se o roteiro é um amarrado de sequências que nos levam a cenas de luta, não é de todo ruim por nos proporcionar momentos como Michaelangelo descobrindo o sensacional novo esconderijo por acidente; Tokka e Rahzar reconhecendo o Destruidor como a mamãe deles (Melhor cena do filme); e os arrotos salvadores (Melhor sequência do filme). A dublagem do filme é um show a parte, “Tá na hora de papá!”, “Não enquanto eu tiver isso!” e “É muito mau caráter mesmo!” nos alegram e nos fazem rir durante todo o filme. E a minha preocupação inicial com os efeitos animatrônicos das Tartarugas, logo foi amenizada uma vez que eles melhoraram bastante.

Um filme que foca no humor, beirando o besteirol, com cenas de lutas divertidas e engraçadas, repleto de danças, sequências que parecem retiradas de um dos episódios do desenho animado e soluções de roteiro preguiçosas e bestas. Vale destacar o Ritual da Rosquinha, e uma resolução final fraca, afinal o Destruidor sobrevive o terrível final do primeiro filme e no final desse longa após se tornar o Destruidor 2.0 é facilmente derrotado.

E para acabar com esse texto nada melhor do que utilizar uma frase de nosso querido Mestre Splinter (Não, não é o fadástico cowabunga):

“- Da-lhe Ninja, da-lhe ninja, da-lhe! Gostei desse tal rap dos ninjas!”

So que não!

As Tartarugas Ninja estão procurando um novo lugar para morar nos esgotos de Nova York, quando encontram integrantes do clã Foot, liderado por Destruidor (François Chou). É quando eles descobrem o Ooze, a substância que transformou as próprias Tartarugas Ninja. Destruidor usa este material para criar dois novos capangas, Tokka (Kurt Bryant) e Rahzar (Mark Ginther), e os envia para provocar destruições na cidade. Com a ajuda da jornalista April O’Neill (Paige Turco), do professor Jordan Perry (David Warner) e do entregador de pizza Keno (Ernie Reyes Jr.), as Tartarugas Ninja precisam detê-los.

88min – 1991 – EUA

Dirigido por Michael Pressman com Paige Turco, David Warner, François Chau e Vanilla Ice. Roteiro Peter Laird

Publicado em 25/02/2013

Nota do Sunça: