Sunça lê Gibi | O Homem Rabiscado | Serge Lehman e Frederik Peeters

Thriller, Fantasia e CHUVA

SUNÇA LÊ GIBI

Sunça

3/25/20223 min read

Thriller, Fantasia e CHUVA

O quadrinho foi publicado em Paris, na França, no ano de 2018. Aqui no Brasil foi lançado pela editora Nemo em São Paulo, em março de 2022. Nele o autor francês de ficção científica, Serge Lehman, se une ao desenhista Frederik Peeters, conhecido pelo quadrinho Pílulas Azuis, A trama apresenta um um thriller instigante, uma mistura de elementos narrativos que prende o leitor e incita a curiosidade.

Em Paris, debaixo de uma chuva torrencial, conhecemos as três protagonistas. Betty Couvreur é uma mulher de 40 anos de idade que vive à sombra de sua mãe, Maud, é uma famosa escritora de livros infantis. Clara é neta de Maud e filha de Betty. É muito interessante a interação entre as três gerações da família. São as ações dessas mulheres que movem a história, e a relação entre elas que conduz a narrativa.

Uma noite Clara é surpreendida por Max, um estranho personagem que estava à procura de sua avó. O encontro tem consequências impactantes e deixa um mistério no ar. Betty e Clara partem em uma investigação para descobrir mais sobre a relação entre Maud e Max e acabam em uma busca por suas origens. O passado não é tão simples quanto parece e junto a algumas revelações as duas tem que enfrentar demônios familiares.

O thriller policial aos poucos abre espaço para uma trama fantástica, que apesar de estar presente naquele universo nos deixa sempre incertos. O que realmente está acontecendo? Nesse ambiente de dúvida acompanhamos uma investigação, massacres sangrentos, chuvas intermináveis, pesadelos e um homem-pássaro. A investigação de Betty e Clara traz à luz uma combinação de diferentes mitologias, muitos dos temas não trazem novidade na forma como são abordados. Porém impressiona justamente porque a “mistureba” funciona bem.

Os rabiscos de Peeters em tons de cinza amplificam as tensões criadas, fortalecem as sensações e funcionam muito bem com os vários estilos narrativos dessa história perturbadora. Os designs de personagens são muito bons, as expressões são bem trabalhadas e transmitem as emoções e pensamentos de cada um. Vale um destaque para a figura de Max Crow. Seu design é muito bom, é um personagem vindo de um pesadelo para assombrar a vida real. É interessante como, à medida que a história avança, e nos aprofundamos mais nos mistérios e na fantasia, Max se torna cada vez mais monstruoso.

Índia, dias de hoje, em um bairro residencial de uma cidade grande.

No canteiro de obras de um edifício, coexiste uma dúzia de personagens de todo o país: Ali, o jovem engenheiro inexperiente; Trinna, um capataz intransigente; Rafik, Mehboob e Salma, operários provincianos que sonham com um futuro melhor... além de Ganesh e seu bando de azulejistas rajastanis, hindus conservadores que engrossam as fileiras desse canteiro supervisionado por um jovem e rico construtor.

Este livro oferece uma visão microscópica da Índia contemporânea, onde línguas, religiões, castas, chefes e empregados se misturam numa precariedade sempre carregada de um ar tragicômico. E, à medida que o edifício se eleva laboriosamente, os sonhos e as ambições de cada um colidem e se entrelaçam nessa paisagem humana e urbana de tirar o fôlego.

208 páginas – 2021 – Nemo

Formato: 20,5 x 27,5 cm | Colorido | Português

Publicado em 25/03/2022

Nota do Sunça: