Sunça lê Gibi | Kung Fu Ganja | Davi Calil
Pancadaria, Hachuras e ECOLOGIA
SUNÇA LÊ GIBI
Sunça
4/1/20222 min read




Pancadaria, Hachuras e ECOLOGIA
"Kung Fu Ganja" é uma aventura descompromissada e divertida com muita pancadaria no estilo oriental e um forte discurso ecológico. A trama mescla o universo kung fu com a cultura brasileira.
A magia desse universo é baseada em plantas, elas concedem poderes a quem as consome. Calil brinca com os clichês da cultura oriental e ironiza construindo a ideia de uma dublagem brasileira, no melhor estilo Tela Class do Hermes e Renato. A linguagem é coloquial e seu timing é perfeito. As gírias, os xingamentos e os palavrões são certeiros. Os diálogos irreverentes fazem referência ao uso de drogas, sátiras religiosas e mitologias do universo kung fu.
Estamos no meio do embate entre a Dinastia Song e o Império Mongol. Nosso protagonista é Juan Xin Cai um garoto sem uma perna que mora em um monastério Shaolin, ele é o melhor amigo de um burrinho, o Azulão. Dentre um elenco de destaque que conta com o Mestre Beiço, o Abade e o Mestre Ancião. O meu personagem favorito é o misterioso Samurai.
Os rabiscos do Caliu mostram que ele entende muito bem a linguagem dos quadrinhos. Quando necessário, seu traço é expressivo e detalhado. Quando a história pede, é cartunesco e caricato. As expressões faciais e sequências de luta certamente são o ponto alto do gibi. Fazem rir e nos deixam empolgados. A narrativa e posicionamento dos quadros têm influência dos mangás, os desenhos tem cores sobrias e vivas. A estrela do show são as hachuras, elas comandam os volumes, sombras, detalhes, elementos visuais e linhas de ação. Nos momentos certos Calil dedica tempo e trabalho a quadros maiores e splash pages que nos fazem parar e observar.
Uma trama interessante que promete ser o início de uma saga. Kung Fu Ganja traz batalhas divertidas, personagens memoráveis em uma narrativa cativante que flui bem. São várias referencias a cultura pop e outros universos já estabelecidos sem perder sua identidade própria.
Na China medieval mágica de Kung Fu Ganja, cogumelos, palntas e ervas como a Cannabis sativa (maconha), são fontes de magia e podem despertar poderes especiais naqueles que as consomem.
A guerra entre a Dinastia Song e o Império Mongol pelo território chinês está em seu momento mais dramático. Governos autoritários e exércitos opressores destroem fazendas e famílias. Senhores feudais sem escrúpulos e monges alcoólatras irresponsáveis tornam tudo ainda pior. Enquanto isso, um órfão de 12 anos, sem uma perna, criado em um monastério Shaolin, é alvo de um conspiração envolvendo demônios e outras criatures malignas vindas de dimensões paralelas.
160 páginas – 2017 – Independente
Formato: 21,5 x 29 cm | Colorido | Português
Publicado em 01/04/2022
Nota do Sunça:




